“- Um segundo pai espiritual,
pois o primeiro pai espiritual é Deus; eu me lembro demasiado, quando o avião
das Escolas Reunidas Caio Martins aparecia nos céus de Buritizeiro-MG, naquele
voo rasante, anunciando que a bordo estava o diretor geral das Caio Martins,
coronel e deputado Manoel José de Almeida. Então as crianças, inclusive eu que
o chamava "Meu Padrinho" e assim ficou até hoje, gritávamos: "é
o coronel, é o coronel, é o coronel." Era uma música em coro, uníssono.
Ali vinha nos céus de Minas o nosso segundo pai espiritual, muito mais do que
um pai carnal. Uma meia hora após, eis que surgia no carro da Caio Martins
Manoel de Almeida, Coronel Astolfo, um outro coronel um tanto albino, cujo nome
não me recordo, momento em que as crianças corriam ao lado do carro e outros
atrás, sempre gritando "é o coronel! - Abria-se a porta e do veículo o
nosso pai espritual descia, já com dois filetes de lágrimas nos olhos e as
crianças o tocavam, em afagos amáveis, sentiam-se seguras por ali estar o
protetor delas. Manoel José de Almeida foi um espírito encarnado que se
sobrepos ao seu tempo, ou seja excedeu em bondade o quilate deferido por outros
naqueles dias. Hoje, está na corte de anjos do nosso pai celestial: hoje ele
reencarna as palavras do saudoso Guimarães Rosa: "As pessoas nunca morrem,
ficam encantadas." Manoel José de Almeida, ainda que ocupara diversos
cargos e a adversidade da vida até o empurrou para as guerras, foi aquele homem
descrito por Ernesto Che Guevarra: "Hay que endurecerse, pero sin perder la
ternura jamás."
Ele está encantado no coração dos
verdadeiros caiomartinianos, aqueles caiomartinianos idelistas que jamais
negarão a sua origem e a história verdadeiramente vivida. Para mim ele viverá
eternamente. É isto que ele é para mim e meus olhos já se lacrimejam”. Walter
Santos.
21 de agosto de 2012.
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