No dia 23 DE SETEMBRO DE 2012 Manoel José de Almeida completaria 100 anos. Deixei aqui seu recado, sua história, ou uma lembrança de momentos que teve ao lado dele.
Me contou que esteve no antigo D.I (Departamento de Instrução) da
PMMG e atualmente chamada de APM (Academia de Polícia Militar). O ensino
militar foi criado lá no DI pelo seu pai quando o mesmo foi o
comandante daquela unidade da PM.
Também me contou que quando cadete da PM nesse DI, o Manoel tinha
um grande amigo chamado Alberto Silva que era cadete e colega do peito.
Esse rapaz teve um acidente feio, um cavalo pisou na cabeça dele e o
mesmo veio a falecer. O Alberto Silva gostava de cantar uma música chama
"minha vida que parece muito calma, tem segredos que não posso revelar.
Trata-se de uma música americana e que o Manoel solfejava sempre,
lembrando-se do amigo. O Zé contou esta história para os cadetes da PM,
quase 1.000 rapazes e moças perfilados e que não sabiam que o nome do
setor esportivo chamado Alberto Silva da Academia era em homenagem ao
cadete acidentado. Contou que o Manoel foi o aluno nº 1 sempre daquela
unidade da PM e veio a ser o comandante de lá quando criou a Escola Caio
Martins. Em relação às Escolas, a história é longa e só pessoalmente
para contar o que aconteceu. Irei à BH no início de dezembro e vou ver
se consigo isto por escrito. Afinal é história que a gente precisa
conhecer bem antes que acabem com a Caio Martins. .
Fiquei entusiasmado em lhe contar essas histórias "quentinhas" para
nós.
O fato de ser de origem
humilde, pai sapateiro, mãe lavadeira, não seria argumento para Manoel José
de Almeida baixar o topete
para qualquer um. E isso era perceptível, só de observar o seu porte,
sua
imponência, sua coluna vertebral ereta. Não se curvava nunca, mesmo
tendo os
topetudos pela frente. E olha que foram vários em sua vida de menino, no
meio
de tantos adultos, donos da verdade.
Mas um episódio me chamou
muito a atenção. Éramos pequenos e meu pai juntava todos os filhos ao
seu redor
na cama de casal e começava a contar histórias. Falava com a mesma
desenvoltura
sobre Bahr,Bethoven,
Chopin, Voltaire, Chopenhauer, Freud, sobre a
Revolução Francesa, a Segunda Guerra Mundial. Eram momentos de muita
atenção,
pois o tempo era pouco para tanta curiosidade. Naquela época não existia
televisão, então, meu pai chegava do trabalho e reunia todos os filhos
na sala,
ao redor da “radiola”, para ouvir músicas
clássicas, de todas as vertentes. Os discos eram muito pesados e assim,
ele empilhava
as coleções ao lado do aparelho para facilitar a seleção, de acordo com
seus
critérios. Eram 78 rotações por minuto, assim, o disco tocava
rapidamente,
tendo que ser trocado a todo momento. Morávamos numa
casa, em Belo Horizonte, de dois pavimentos. Ele teve a idéia de colocar
um auto-falante nos nossos quartos,
que ficavam no segundo andar. Assim, dormíamos embalados pelas músicas
clássicas.
Mas os casos mais
gostosos eram realmente aqueles que diziam respeito à sua vida pessoal,
quando
criança, nas revoluções de 1930 e 1932. A curiosidade era
grande e, como as
idades variavam, ele procurava ser suficientemente
didático, para prender a atenção dos mais novos. Assim nossa infância
foi muito
rica, a despeito de não haver televisão, vídeos, computadores e até
mesmo os
incríveis celulares. E foi numa dessas que ele contou a história de
quando
atravessou a nado o Rio São Francisco, em frente a
cidade de Januária, um dos pontos mais largos daquele
que denominavam como o“rio da
unidade nacional”, por percorrer diversos Estados em seu percurso até o
mar.
Pois bem, atravessar o
rio São Francisco, para todo menino da cidade, era um desafio. Era mais
ou
menos como a sua primeira vez. Os mais velhos não davam maior
importância ao
feito, mas entre os garotos, era ponto de honra essa conquista. Passava,
de alguma forma, a ser incluído numa turma seleta
de garotos que conseguiam o feito. Realmente era uma grande façanha. Não
consigo imaginar quantos metros distam de uma margem a outra, mas a
força das
águas é o bastante para assustar qualquer um a pensar em
desafiar o Rio. E
lá se foi Nezinho. Era seu grande dia. A meninada já
sabia do seu desejo em romper aquela barreira. Já estava chegando a uma
idade,
12 anos, onde a grande maioria já havia conseguido conquistar aquele
feito. E
não era somente atravessar o rio. Tinha que voltar, pois a casa dele
ficava do
outro lado da margem esquerda e, não se admitia a qualquer um o uso de
uma
carona numa canoa, para superar o cansaço. E bota cansaço nisso.De
constituição física franzina, Nezinho, sabia que o desafio
teria alto custo. Naturalmente
que seus pais e até mesmo os irmãos não poderiam tomar conhecimento,
caso
contrario iria haver uma proibição, pois sabiam dos riscos daquela
travessia.
Muitos foram os que se afogaram naquela investida. E lá vai Manoel de
Almeida,
rumo à margem direita do São Francisco. Ele já conhecia, ou tinha
informações
acerca dos pontos perigosos e aqueles passíveis de optar por uma mudança
de
percurso. Chegar ao outro lado foi algo de espetacular, mas e agora?Tinha que retornar e a
turma dos moleques estava lá para registrar a grande conquista do
companheiro. Não poderia descansar e teria que retornar imediatamente às
águas
daquele caudaloso rio, imediatamente. As braçadas eram regulares,
mantendo um ritmo
tal que possibilitasse enfrentar os últimos momentos, que eram os mais
delicados. Seu corpo já começava a não responder ao cansaço. A juventude
sempre
ajuda nesses momentos, mas... Para chegar à margem esquerda, no ponto
combinado
com os garotos, ele teria que saltar um pouco acima, mas o importante
seria a
técnica de singrar as águas de uma forma transversal. Sim, ele nadava
contra a
correnteza, melhor dizendo, quebrando assim, a velocidade das águas e
não
carregando seu franzino corpo para os pontos de maior profundidade do
rio. E o
cansaço estava vindo, e cada momento, mais intenso, fazendo seus frágeis
músculos se tornarem mais doloridos. Percebeu que uma canoa passava a
alguns
metros, mas não pensou em
pedir ajuda. As pessoas da canoa não se manifestavam,
observando apenas o garoto debater com aquele turbilhão de águas. Num
certo
momento, já exausto, percebeu uma moita de capim no meio do rio. Aquilo
era um
sinal de que havia uma coroa de areia, onde poderia descansar um pouco.
Esse
tipo de coroa era comum ocorrer, devido ao constante movimento das
águas,
formando e destruindo montes de areia, dentro do rio. Nadou como um
louco até
aquela esperança e, quando segura o arbusto, sente que não tem nenhum
apoio.
Nada havia para abrandar eu inícios de desespero. As pessoas da canoa
ainda o
observam, não demonstrando qualquer preocupação ou esboço de ajuda. E lá
vai Nezinho em direção àquela margem esquerda que é o seu
maior
desafio na vida. Sabia que aqueles metros finais iriam definir muita
coisa em sua vida. Muita
coisa estaria em jogo a partir daquele momento. Não poderia se entregar e
deixar o rio levá-lo. Com certeza sairia muito abaixo, onde poderia com
menor
desgaste, alcançar um barranco para subir. Mas e a turma? Isso ai sim, é
a
grande questão. Só sendo menino para entender essa fração de segundos
para uma
tomada de decisão. A cada braçada, Nezinho sente que
a margem está chegando e chegando. Faltando apenas alguns metros, eis
que um
dos ocupantes da canoa, estica o braço e oferece ajuda
ao garoto. Este olha pra o rosto do infeliz, fixa seus olhos e segue em
frente.
Com mais algumas braçadas, chega até a margem e tem um sorriso que
ilustraria a
maior conquista de todos os tempos no mundo. O barqueiro observa aquele
jeito
matreiro do garoto e diz: SUBERBO. Esse era o Nezinho,
menino de Januária, que atravessou a nado o Rio São
Francisco, num dos seus pontos mais largos. Ficou famoso, entre os
meninos, e
deu uma aula de vida àqueles que procuravam tirar proveito de sua
vitória. A
mão estendida, nem sempre é bem vinda.
Tenho o prazer e a honra de ocupar a
tribuna desta Casado Saber para cumprir
a missão estatutária de elaborar o elogio ao Patrono de minha cadeira - a de
número 9 - destinada a MANOEL JOSÉ DE ALMEIDA - Coronel da Polícia Militar de
Minas Gerais.
A oportunidade não poderia ser
melhor, amanhã - dia 23 de setembro - comemora-se o Centenário de seu
Nascimento.
Gostaria, antes, de fazer um breve
comentário sobre o que me levou a escolher Manoel José de Almeida como
"patrono".
Convidado a integrar a Academia de
Letras João Guimarães Rosa da PMMG, apadrinhado pelo nosso distinto Presidente
João Bosco de Castro, como primeiro Acadêmico-Efetivo Curricular a ter seu nome
aprovado para a posse, tive a oportunidade de examinar o perfil de várias
personalidades. Todos com qualidades e méritos para dignificarem a condição de patronos
de uma academia de letras de Polícia Militar. Entretanto, um deles chamou-me a
atenção de maneira especial: um educador dotado de fé, de idealismo, de fibra
inquebrantável, persistência inabalável diante dos desafios do cumprimento de
sua missão, um obstinado e, sobretudo, um EDUCADOR - MANOEL JOSÉ DE ALMEIDA.
Ele nasceu em Januária, a 23 de
setembro de 1912. Desde criança, conviveu com as dificuldades que enfrentavam e
enfrentam as famílias desassistidas que habitam as "barrancas do São
Francisco". Ele próprio, apesar de nascido em família de algum recurso, se
considera um "flagelado", como ele mesmo se apresentou em discurso
proferido na Câmara dos Deputados.
Ainda pequeno, trabalhava ajudando o
pai José Antônio de Almeida, modesto comerciante - tinha um pequeno armazém - e
no abate de animais de pequeno porte. Não podendo frequentar o Colégio com
regularidade, pôde concluir o Curso Primário somente aos 13 anos de idade.
Contrariado, ainda adolescente
mudou-se para Diamantina, atendendo aos anseios da mãe - Dona Rita Dias de
Almeida. Sua vontade era permanecer em Januária.
Seguindo o exemplo do pai e na ânsia
por antecipar sua maioridade, ingressou nas fileiras da Polícia Militar em
janeiro de 1928, portanto com 16 anos de idade.
Ainda jovem, teve o seu batismo
profissional ou "batismo de fogo", como preferem alguns, ao
participar da Revolução de 1930. Sua Unidade, o 3º BPM, recebera a missão de
invadir e ocupar o sul da Bahia. Narra sua esposa Dona Márcia fato pitoresco
ocorrido quando da ocupação da cidade de Carinhanha: sendo Manoel de Almeida o
único soldado capaz de operar a metralhadora hot kiss da tropa, efetuou vários disparos em direção aos gritos
provocativos dos adversários. Posteriormente, ao retornarem àquela localidade para
instalarem o Núcleo da Escola Caio Martins, recebeu dos representantes daquela
comunidade um sino com 2 furos. Inicialmente sem saber o significado do
presente, foi-lhe esclarecido: o Coronel que ali se encontrava era o mesmo
jovem soldado que um dia ali estivera e teria atingido a torre da igrejinha
onde estava o sino.
Pela sua participação no movimento,
recebe sua primeira promoção: a de Anspeçada.
Em 1932, por ocasião da Revolução
Constitucionalista, foi designado para atuar no Triângulo Mineiro, quando a
Polícia Militar de Minas ocupou a fronteira do Estado.
Tendo concluído o Curso de Formação
de Infantaria do Exército, no Rio de Janeiro, em primeiro lugar, pôde
matricular-se no 2º Ano do Curso de Formação de Oficiais.
Foi declarado Aspirante a Oficial em
1936, tendo concluído o curso também em primeiro lugar.
Em 1937 Manoel de Almeida foi
designado para Barbacena, cujo Cmt à época, era o Coronel Vicente Torres, um
ícone profissional já conhecido na Corporação pela capacidade de comando -
verdadeiro formador e condutor de líderes. Tornaram-se célebres: a trilogia
adotada em seu comando - "Honestidade - Trabalho - Disciplina" e a decisão
por ele tomada quando Comandante Geral da Polícia Militar - após recusa no
atendimento de pleito junto ao Governo do Estado, no sentido de obter melhores
condições de trabalho e remuneração dignapara seus comandados preferiu entregar o Comando sob o argumento de que
"não comandaria uma tropa calçada de sandálias".
A trajetória profissional de Manoel
de Almeida prossegue... como que por desígnio do Criador, após rápida passagem
pelo DI retorna ao sul do Estado, agora também como Delegado Especial nas
cidades de Alfenas, Machado, Areado, Boa Esperança, Campos Gerais, Serrania,
Botelhos e Alterosa.
Segundo Helena Pretóvna Blavatsky
"Não há coincidências, mas causas desconhecidas"...
Manoel de Almeida, como delegado de
Alfenas, é chamado a Boa Esperança a fim de apurar bárbaro homicídio ocorrido
no município: um cadáver sem a cabeça fora encontrado em uma localidade. Como
que por obra do destino conhece aquela que pouco tempo depois viria a se tornar
a sua companheira missionária, o seu amor, a seiva vivificante que lhe ajudaria
a cumprir os seus desígnios: Márcia Moreira de Souza. Com ela se casa em 24 de
janeiro de 1941, a qual passa a chamar-se Márcia de Sousa Almeida. Nessa
oportunidade, sabem que, juntos, teriam uma missão a cumprir.
Logo após o casamento, acompanhado
de Dona Márcia, sua companheira inseparável, segue para o Rio de Janeiro onde
conclui o Curso de Educação Física do Exército, no Forte São João.
Retornando a Belo Horizonte, tem uma
passagem efêmera pelo DI, pois logo em seguida é designado para ser o
assistente militar do Major Ernesto Dorneles (primo do então Presidente Getúlio
Vargas), que exercia o cargo de Chefe de Polícia, ligado à Secretaria do
Interior do Estado.
Com a saída de Ernesto Dorneles, em
1942, é designado assistente militar do Dr. Luiz Soares de Souza Rocha,
Delegado de Polícia, que passou a ocupar o cargo de Chefe da Polícia Civil. O
Dr. Luiz Soares é considerado pelos profissionais de polícia que o conheceram
um verdadeiro ícone. Prestou ele inestimáveis serviços à comunidade mineira. A Assembleia
Legislativa criou a "Medalha de Mérito Policial Civil",com seu nome, para agraciar policiais civis, personalidades
e instituições que, de alguma forma, contribuíram para a melhoria da segurança
pública em Minas Gerais. É a maior comenda da Instituição.
É nesse momento de sua vida que
Manoel José de Almeida inicia a produção de sua grandiosa obra intelectual. São
publicadas: "Coeficiente Afetivo" - "Integração da
Personalidade" - "Polícia do Futuro", além de vários artigos
publicados em revistas militares.
Foi Chefe de Gabinete do Comandante
Cândido Saraiva e, posteriormente, do Cel. José Vargas da Silva.
Promovido a Ten.-Cel. recebe a
honrosa missão de comandar o DI, onde tem a oportunidade de colocar em prática
parte de seus sonhos.
Elegeu-se Deputado Estadual para a
Legislatura de 1955 a 1959. Posteriormente, por cinco vezes consecutivas, é
eleito Deputado Federal. Tornou-se suplente para a legislatura seguinte.
Contudo, apesar de surgida a oportunidade para assumir a cadeira no Congresso,
preferiu não fazê-lo em razão de seu estado de saúde, já comprometido por
problemas cardíacos.
Dá o passo para a eternidade em 9 de
maio de 1988. É o retorno à "Pátria espiritual".
Deixou 6 filhos: Maria Coeli,
Cláudio Antônio, Fernando José, Maria Ângela, João Lincoln e Rita Heloísa. Os
netos: dezoito. Bisnetos: nove.
Cumprida a tarefa do registro de
alguns marcos históricos, torna-se imprescindível cuidar das coisas mais
importantes, uma vez que, falar de uma personalidade, é cultuar os seus feitos,
as suas realizações; é exaltar as suas virtudes.
Mas, antes, falemos um pouco sobre o
"Sentido para a vida"...
E
o que é a vida?
Guimarães Rosa, em sua obra sempre
lida Grande Sertão: Veredas sustenta: “O
fundamental na vida não é ponto de partida nem a chegada, mas a travessia”.
De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?
O que é a vida?
Gonzaguinha, em sua bela canção O que é, o que é? diz:
E a vida! E a vida o
que é? Diga lá,
meu irmão Ela é a
batida De um coração Ela é uma
doce ilusão
----
E
a vida Ela é
maravilha Ou é
sofrimento? Ela é
alegria Ou lamento? O que é? O
que é? Meu
irmão...
Há quem fale Que a vida
da gente É um nada
no mundo É uma gota,
é um tempo Que nem dá
um segundo...
Há quem fale Que é um
divino Mistério
profundo É o sopro
do criador Numa
atitude repleta de amor...
--
Filósofos, religiosos, pensadores,
cientistas e leigos desenvolvem teorias mais diversas.
Quem estará com a verdade?
Klínger, nosso confrade e irmão
fraterno, ao falar para os alunos da ADESG, manifesta sua opinião sobre a vida:
"Por
que, num certo dia, nascemos, fazemos uma caminhada e, finalmente,
morremos?
Seria a vida humana um fim em si
mesma? Seria uma luz que acende, vai
acentuando o seu fulgor e, de repente, começa a fenecer, apaga-se? Se positivo,
então poderíamos raciocinar que, vivendo tão transitória e fugazmente,
o melhor seria adotar a postura do “gozar a vida”, adotar o epicurismo,
amealhar o máximo no mínimo de tempo (não importando os meios), proporcionar o máximo de bem-estar
a mim e aos meus, mergulhar nos prazeres que o mundo
concede. Quanto aos outros – os que estão
fora do meu mundo e de minhas circunstâncias – que se danem! Cada um
para si, considerando apenas seu mundo particular. Outros ainda dizem cinicamente:
"cada um por si, Deus por todos". Mas não é assim que as coisas funcionam, isto
é uma ótica distorcida,
egoísta, do que é a vida e sua finalidade.
A
vida humana é tão somente uma passagem. Diríamos melhor: uma travessia.
A travessia que, percorrendo caminhos nem sempre suaves, vai nos levar a um
patamar de ascensão.
O
nosso corpo que, de um ponto de origem no ventre materno, cresce e se desenvolve, é, apesar
de sua fabulosa engenharia, um mero instrumento do sopro que o anima – a Alma. Esta é, segundo a visão
preponderante do pensamento
filosófico-religioso – cristão, judaico, hinduísta, islâmico... – o ente nuclear da
vida, o ente imortal. O corpo físico, não; com a
morte, fenômeno inexorável
e inevitável, perde o seu fluido vital, decompõe-se no apodrecimento,
caso não seja incinerado ou conservado sem vitalidade pela
mumificação ou outros processos de conservação da matéria.
Dentro
deste enfoque, creio, podemos nos aventurar a uma primeira ilação sobre anatureza da vida humana. Ela, como
travessia, é um meio de crescimento
e desenvolvimento de seu elemento principal e fundamental: a Alma. Ora, mas
não se cresce, não se alcança o progresso sem luta e sofrimento. Ninguém vá esperar,
ou alimentar a ilusão de que sua passagem terrestre será uma estrada
pavimentada de rosas perfumadas, irrigada
por abundantes mananciais de mel e prazer. Não! A vida é, como dizia o
poeta que cantou a saga indígena, “uma luta renhida; viver é lutar; é combate que, aos fracos abate; que, aos
fortes e aos bravos, só pode exaltar”. E eu digo mais: a vida é uma travessia penosa, sofrida e árdua,
uma trajetória de perdas e
ganhos, mas que acena com um fim glorioso – o triunfo espiritual, com a
Alma prosseguindo seu voo evolutivo.
Aceita
esta concepção do conceito da vida humana, o seu sentido espiritual em detrimento do material, seria correta a
maneira com que a maioria vive,
ou seja, juntando e acumulando: ouro, joias, terrenos, edificações, títulos financeiros, semoventes?
Seria uma forma correta de viver gananciosamente, competindo, às vezes com violência ou
fraude, e buscando sempre a vitória, mesmo
que esta implique em excluir ou massacrar o próximo, que pode ser não apenas um, mas
dezenas, centenas e até milhões de seres humanos que vegetam na mais ignominiosa miséria?
Seria correto o modus vivendi que
só se direciona para o poder, honrarias e glórias?
Não!
É a resposta cristalina a todas essas indagações. Nem bens nem riquezas,
nem poderio econômico, ou político, ou institucional, nem honrarias nem glórias mundanas
seguem conosco na viagem final, quando a Alma imortal
deixa o corpo físico. Esses bens materiais e ilusórios ficam, muitas vezes servindo para
discórdia, desunião e lutas fratricidas. Tudo isto se desfaz como poeira."
Após comentar sobre o "TER", reflete sobre
o "SER":
Todo homem,
criatura divina, estrutura-se nos planos físico, emocional (ou sensível) e
espiritual. Segundo o pensador católico Michel Quoist e outros de vertentes
diversas como Lao-Tsé, Yang Tschou e Buda, entre os orientais, e Herman Hesse e Teillard de
Chardin, entre os ocidentais, o homem é o construtor
de si mesmo, é ele que desenha o seu destino. E o homem bem construído é aquele
que mantém o equilíbrio dos três planos, obedecendo à hierarquia de comando: Quem
comanda é o plano espiritual, o plano da alma. O
homem que deixa o corpo comandar, ou segue apenas os impulsos do plano sensível,
é um homem truncado, que, às vezes, passa a vida em permanente desequilíbrio, ou até
rastejando.
Para
“’’SER”, o homem tem que se construir, tendo por base princípios éticos que regem a
trajetória evolutiva da Alma. Esses princípios, uma espécie de leis
morais do universo,vêm inatos na consciência do indivíduo, podem emergir naturalmente,
ou são desenvolvidos através do processo
educacional: na família, na
escola, no trabalho, na religião, no relacionamento social... Há indivíduos rígidos,
verdadeiras couraças, que bloqueiam qualquer tentativa de despertar interior.
Cristo, em sua sabedoria, os classificava (Parábola do Semeador)
de homens “beira de caminho”, ou “pedregulho” ou “espinheiro”.
Por
conseguinte, o indivíduo que, na sua travessia, opta pelo “SER” em detrimento
do ter”, acolhe e internaliza, refletindo
nos seus valores de vida, alguns
princípios éticos essenciais: Fé, Honestidade, Respeito à Dignidade Humana, Amor ao
Trabalho, Visão de Progresso, Humildade, Coragem e Justiça. Ancorando e cultivando
esses princípios, o optante estrutura todo o seu
arcabouço de valores que vão nortear a sua vida como filho, estudante, parceria na constituição de uma família, solidariedade na
edificação de uma comunidade, no desenvolvimento
de uma atividade profissional e em todas as suas
relações sociais, econômicas, institucionais, políticas, religiosas...
Quem
“É”, ou seja, aquele que optou pelo “SER”, pode “ter”, isto é, pode e deve perseguir a
prosperidade, o conforto, o desfrute das benesses da vida... Certamente, de suas posses não será o detentor egoísta –
o acumulador de bens
e supérfluos, o consumidor sem limites e irresponsável – mas sim o agente de circulação
de riquezas, o gerador de empregos dignos, o detonador do desenvolvimento econômico e social
das massas, o impulsionador da tecnologia útil e acessível para o
bem-estar da humanidade. Deve buscar o poder, a
política e a liderança, pois exercê-lo-ás com base no amor, para promover
o bem-comum, visando o progresso da humanidade. (negritei).
Nessa travessia, não devemos ter a
pretensão de chegar a algum porto definitivo, final. É importante acreditarmos
que sempre há algo a fazer, uma nova missão a cumprir... ou uma
"dívida" a pagar.
A amplitude da reflexão provoca-nos
a renúncia... assim alcançamos a paz... É nesse momento que o homem descobre a
si mesmo.
MANOEL JOSÉ DE ALMEIDA era
espiritualista. Acreditava no homem como obra de um Ser Supremo, capaz de
evoluir...
Conforme dito anteriormente, tão
logo o Coronel José Vargas da Silva assumiu o Comando da Polícia Militar, designou
o então Maj. Almeida como Chefe de seu Gabinete.
Nessa condição e tendo apoio
irrestrito do Chefe, Manoel de Almeida pôde concretizar uma série aspirações:
1.
Escola de Iniciação Musical - implantada no Departamento de Instrução foi
responsável pela formação de grandes profissionais que vieram a formar as bases
das Orquestras Sinfônicas de Minas Gerais, São Paulo, Brasília e do Paraná. Foi
seu fundador o Maestro Jean-François Douliez.
2. Curso
de Psicopedagogia - vinculado ao Gabinete do Comandante-Geral.
3.
Seminários de Criminologia.
4.
Estudos de Mesologia Criminal.Oficiais,
professores e alunos tiveram a oportunidade de realizar viagem de estudo nos
Vales do Aço e Rio Doce, inclusive indo até a reserva indígena Crenaque, com o objetivo de estudar os
fatores de mesologia criminal na região, o que permitiu a Manoel de Almeida
elaborar monografia sobre o tema.
5.
Colégio Tiradentes. Além da versão registrada de forma clara e categórica no
livro "Semeando e Colhendo", procurei ouvir uma das pessoas presentes
à reunião em que foi elaborada a proposta de criação do colégio - o saudoso Cel.
Saul, nosso irmão e confrade Acadêmico-Efetivo-Comunial. Em entrevista
concedida a mim, na presença de João Bosco de Castro, Saul Martins confirmou
sua presença ressaltando ainda as participações de Jofre Lellis e do Dr. Carlos
Porfírio dos Santos que inclusive foi o primeiro Diretor do Colégio, escolhido em
virtude de sua vasta experiência pedagógica. A escolha do nome "Tiradentes"
coube ao Cel. Vargas, em homenagem ao protomártir da independência.
As
Escolas Caio Martins
Mais
do que máquinas precisamos de humanidade. Mais
do que inteligência precisamos de afeição e doçura. Sem
essas virtudes a vida será de violência e tudo estará perdido.
Os problemas sociais a cada dia se
agravavam em Minas Gerais. Era fato que isso também ocorria em outros estados,
o que trazia intranquilidade ao então Governador Milton Soares Campos. A prisão
de um perigoso assassino - José Muniz - vem apressar a decisão de se adotar uma
política voltada para crianças desassistidas e desamparadas. O criminoso, ao
confessar os diversos delitos, expõe a fragilidade das políticas de governo: quando
criança, sua mãe, gravemente enferma não pode receber assistência na comunidade
onde vivia. Tendo procurado de várias formas obter de forma honesta o
medicamento que ela necessitava, não encontrou resposta. Assim, teve de roubar
para poder comprá-lo, o que aconteceu de forma tardia; sua mãe falecera. Adotara
assim a vida de marginal para "vingar-se de todos".
O Comandante Vargas, aquiescendo à
convocação feita pelo Governador, "amparar omenor antes que se torne um foragido da
justiça...", chama seu Chefe de Gabinete e paga-lhe a missão: ir visitar a
Fazenda Santa Tereza, que era destinada à remonta de cavalos e que se mostrava
improdutiva,a fim de avaliar as
condições de seu aproveitamento, dentro das ideias já existentes na PM de
"criação de escolas-creche voltadas para assistir a criança e os menos
afortunados".
Acompanhado de toda a família,
Manoel de Almeida visita a fazenda, reencontrando alguns amigos que lá moravam.
É durante esta visita que vem-lhe o "estalo", o "despertar
interior", e diz para sua esposa: "Márcia, e se a Polícia Militar
aproveitasse a fazenda para abrigar menores abandonados?". Sempre apoiando
suas ideias ela prontamente concorda, sabendo da longa, espinhosa mas
gratificante caminhada que iriam iniciar. Estavam certos de que iniciavam uma
obra que contribuiria para a edificação de uma sociedade mais justa e mais
fraterna.
Definida que a "missão"
seria sua, Manoel de Almeida apresenta o "Plano de Organização de uma
Granja-escola". Nele faz constar, além dos objetivos da Granja, sua sede,
os recursos materiais necessários, pessoal, sua estrutura organizacional, as
atividades a serem praticadas pelos menores, a duração do aprendizado, etc.
Sugere o nome escolhido para a Escola. Deveria chamar-se Caio Martins, em
homenagem ao menino-herói Caio Martins, escoteiro mineiro, que morrera em
trágico acidente na Serra da Mantiqueira, quando do engavetamento dos vagões do
trem que levavam o seu grupo para uma viagem de intercâmbio em São Paulo.
Naquela oportunidade o jovem, apesar de mortalmente ferido, recusa-se a ser
transportado em uma maca e pronuncia a frase que hoje é lema do escotismo: "O escoteiro caminha com as próprias
pernas".
No dia 5 de janeiro de 1948 é
inaugurada a Escola, com a presença do governador Milton Campos, do Comandante-Geral
e de várias outras autoridades.
E o homem vai edificando o seu
próprio templo. Cada um escolhe a sua trajetória. Nada acontece por acaso.
Manoel
José de Almeida, em sua simplicidade, acreditava que o processo de ensino
deveria ser alicerçado, adotando-se o "Sistema de Lares",
argumentando que uma criança precisava de um lar igual ou melhor do que ao que
perdera. Deveria a formação daquelas crianças e jovens alcançar e integrar as 4
dimensões da consciência humana; a física, a mental, a emocional e a espiritual.
Dona Márcia, em sua obra já citada,
narra o que o Cel. Almeida dizia com convicção:
" Foi feito um Plano. Estabeleceram-se
as linhas mestras de um edifício que se projeta construir... a criança é
construída aos poucos. O homem que ela será um dia é resultado do trabalho que
se fez para construir este homem; aliás, cabe parafrasear ... o homem é filho da criança! ... Não
desejamos ver esta Escola transformada em mero 'depósito de crianças'. ...tem
uma intenção bem definida."
Era um "laboratório vivo",
onde a tônica prevalente sempre foi a de educar e assistir a criança
desamparada. Manoel de Almeida fortalecia a crença de que agindo assim não
teria que reprimir o criminoso que ela seria no amanhã.
As palavras de Caio Martins- "O
escoteiro caminha com as próprias pernas" - ditas com desprendimento,
com coragem, com o pensamento de que outro poderia se beneficiar com a padiola,
passou a ser entendida no seu sentido mais amplo, simbólico, e em vários
momentos da caminhada serviram de fortalecimento para a continuação da jornada,
tamanhas eram as dificuldades que se apresentavam.
Não foram poucas as críticas
destrutivas recebidas, inclusive por parte de alguns colegas de farda.Entretanto, as escolas também recebiam
calorosos elogios de educadores de fama reconhecida, dentre outros: Helena
Antipoff, Hazel O'Hara, Alaíde Lisboa, Eunice Weaver, Abgar Renault, Dr. Pedro
Aleixo, Anísio Teixeira, Malba Tahan (Júlio César de Mello e Souza).
Pirapora
- 1952
E a missão se amplia...
Disse Saint-Exupéry em Terra dos
Homens: "O que salva é dar um passo. Mais um passo. É sempre o mesmo passo
que recomeça..."
Mais crianças desamparadas que
entrariam para o laboratório das Escolas Caio Martins. O lema de Caiomartiniano
"caminhar com as próprias pernas" continuava a funcionar com
criatividade, flexibilidade e dinamismo. Novos desafios: agora um aprendizado
voltado também para a família dos pescadores. Foi criada uma "Missão Rural
Fluvial" para melhor atender a comunidade dos povoados ribeirinhos, com
remédios, ensinamentos rurais, criando um ambiente propício para o
"semear" de novos conhecimentos, tendo como alvo principal o
pescador.
A nova escola contou, desde a
inauguração, com o apoio de "bandeirantes" formados em Esmeraldas.
Carinhanha
- 1953
Já estamos no Governo de Juscelino
Kubitschek.Tivera o estadista a
oportunidade de conhecer as Escolas Caio Martins de Esmeraldas, inclusive
acompanhado do Governador de Alagoas e esposa.
Após a visita convocou o Ten.-Cel.
Manoel de Almeida em seu gabinete. Disse-lhe que tinha um problema e que ele -
Manoel - poderia ajudar a solucioná-lo: em Carinhanha, o Estado havia se apropriado
de uma gleba extensa de terras e o governo estava com dificuldade para
aproveitá-la, havendo o risco de ser ela adquirida por influente político, fato
que poderia comprometê-lo politicamente. Reforçou: "eu quero ver aquelas
terras cheias de crianças, levando alegria àquela região tão abandonada de
nosso estado."
Era mais uma "mensagem" a
ser entregue... o Núcleo foi inaugurado em 23 de setembro de 1953 - dia do
aniversário natalício de Manoel de Almeida.
Esse núcleo contou com o apoio de 12
novos bandeirantes - meninos e adolescentes entre 12 e 17 anos. Cada um deles
seria o responsável por criar e administrar, sozinho, um setor de atividade.
Hoje, transformadas em cidade, Juvenília é grata ao Cel. Almeida, homenageado
inclusive no Hino da Cidade.
O
Comando do Departamento de Instrução
Como Comandante do Departamento de
Instrução revigorou o sistema de ensino, reformulando os currículos e redirecionando
a formação dos oficiais para a "polícia do futuro", na qual
acreditava.
A
Jornada como Parlamentar
Manoel José de Almeida era avesso à
política. Não aceitava a ideia de candidatar-se. Contudo, tendo sido
transferido do DI para o Quadro Suplementar, viu-se numa encruzilhada. Apesar
de ter mais tempo para cuidar das obras nas Escolas Caio Martins via as
dificuldades de obter apoio para mantê-las, apesar da fama positiva já
construída e do apoio da comunidade.
Viu, então, na política, a possibilidade
de solução.
Por sugestão do Deputado Último de
Carvalho filia-se ao PSD e coloca seu nome à disposição do partido. Teve
definitivo apoio do Governador Benedito Valadares, que contrariando a indicação
do Presidente Juscelino, que manifestara sua preferência por Edgard Magalhães,
de seu gabinete, indica seu nome para concorrer ao pleito. Em outubro de 1954,
é eleito deputado estadual para a legislatura de 1955 a 1959.
Tendo tomado posse como deputado,
outras missões passaram a ocupar a sua vida. Deveria desenvolver novas
habilidades que lhe permitissem continuar na sua marcha evolutiva e ascensional
sem chafurdar-se na areia movediça do poder.
Seu primeiro embate foi para
defender a criação da barragem de Três Marias. A obra era mais do que justificável.As águas do São Francisco, tendo regulado o
seu fluxo, poderiam diminuir o sofrimento das comunidades ribeirinhas, quando
das enchentes e atender as suas necessidades por ocasião das vazantes.
Apesar das advertências do
Presidente do seu partido, Manoel de Almeida lidera uma Comissão de Prefeitos
da região para uma audiência com o Presidente Juscelino, fato determinante para
que a construção da barragem se tornasse prioridade do governo JK.
Como Deputado Estadual foi bastante
atuante, destacando-se dentre outras iniciativas:
1.
Projetos e Emendas em favor das Escolas Caio Martins (entrevista com Saul
Martins).
2.
Carteira Predial.
3.
Criação do Departamento Social do Menor - e a criança desvalida se beneficia
com o projeto que se transforma em Lei.
4.
Criação da Escola Agrotécnica de Januária.
5.
Projetos infraestruturais: construção de estradas, pontes, barcaças, rede de
transmissão de energia, etc, para vários municípios do Estado.
Durante esse período, são criadas
duas novas escolas: Centro de Treinamento
de São Francisco e Núcleo Colonial do Vale do Urucuia. Os bandeirantes do
novo núcleo eram agora professores, já amadurecidos e mais preparados para o
apostolado que iriam enfrentar, certos de que a obra seria mais rentável e de
qualidade superior.
. . .
A missão se renova e se amplia. Novo
passo a ser dado. Disse Saint-Exupéry:"Ser homem é precisamente ser
responsável....É sentir, colocando a
sua pedra, que contribui para construir o mundo... A gente se sente tão bem,
tão livre, quando está trabalhando a terra! E além disso, quem é que vai cuidar
de minhas árvores agora?"
Manoel José de Almeida elege-se como
Deputado Federal no dia 3 de outubro de 1958, sendo diplomado no dia 13 de
dezembro do mesmo ano.
Reelege-se por 4 vezes consecutivas
- legislaturas: 1963-1967 / 1967-1971 / 1971-1975 e 1975 / 1979.
Como Deputado Federal, teve a
oportunidade de dar um cunho mais amplo à sua obra de edificação do homem. Três
iniciativas se mostram mais relevantes:
1. Apresentou projeto, que resultou
na lei que incluiu 22.000 K2 de terras mineiras da margemdo Rio São Francisco na área de operação da
SUDENE. Com este projeto, modificou-se a fisionomia geoeconômica dos municípios
de Januária, São Francisco e Manga.
2.Projeto de Lei Diretrizes e Base do Ensino Nacional.
3. A obra de maior significado em
que teve a oportunidade de participar na qualidade de relator - a CPI do Menor.
O documento conclusivo apresentou "A Realidade Brasileira do Menor",
tratando do tema sem que o mesmo estivesse coberto com o "manto diáfano da
fantasia". A verdade foi exposta de forma nua e crua - a marginalização do
menor; a quantificação do problema; as causas da marginalização do menor;
educação; profissionalização; ação governamental; atualização do código de
menores. A bússola apontava para o norte da solução ou minimização do problema.
Manoel de Almeida deixou várias
obras escritas - todas voltadas para a área social e do desenvolvimento humano.
Podemos elencar:
1. Roteiro Parlamentar;
2. Escola "Caio Martins" -
Desenvolvimento de seu Programa de Ação;
3. Crédito e Pecuária;
4. O Café e a Economia Nacional;
5. A Realidade Brasileira do Menor;
6. Os alicerces da Obra do São
Francisco;
7. O Drama do São Francisco;
8. Reforma agrária;
9. O Problema da Carne no Brasil;
10. João Rafael - o Navegante do São
Francisco;
11. Extensão dos Benefícios do BNH
ao meio Rural;
12; O Problema de Furnas e o
Condomínio Rural de Piuí;
13. Fundação Nacional de Educação de
Base;
14. Brasília e sua missão histórica;
15. Município, Célula e Base do
Desenvolvimento Nacional;
16. Política de Incentivo ao
Produtor Rural.
Saul
Martins, ao prefaciar o livro de Dona Márcia e tratar das Escolas Caio Martins
presta um testemunho luminar: "Manoel de Almeida era a coluna-mestra
daquele templo de Educação. Mas um só pilar não sustentaria o edifício, tamanho
era o peso das respectivas responsabilidades sociais, pedagógicas e administrativas.
A seu lado, ergueu-se outra pilastra, a autora deste Livro esplêndido, Dona
Márcia, assim designada pelos mais próximos. ...Em síntese, eu digo que Almeida
era o cérebro, fulcro de ideias criadoras; e Dona Márcia, o espírito, a alma
indulgenteque iluminava as escolas e as
fazia expandir-se harmoniosamente. ...deu-lhe carinho e objetivo apoio. Penso
que sem ela não haveria as Escolas Caio Martins."
Eu complemento, após ler o livro:
edificaram a vida a dois, "tocando o piano com quatro mãos".
E a vida, o que é a vida?
Travessia? Caminhada? Elo entre duas
eternidades?
"Cada indivíduo constrói a sua
própria lenda". "Cada um deixa/entrega a sua mensagem" Felizes aqueles que compreendem e
compreenderam o verdadeiro sentido da vida. De nossa travessia, não levamos
nada... podemos deixar templos edificados e pessoas responsáveis por dar
continuidade à nossa obra.