Um oficial da PMMG, ex-aluno das Escolas "Caio Martins", solicitou
um
pequeno texto para as comemorações do centenário do Manoel Almeida,
acredita ser
para um livro.
CORONEL MANOEL JOSÉ DE ALMEIDA, meu primo-irmão.
Sim, no entanto, para juntar-me a outros. E fazer um pouco de
história de
um tempo em que tantos ainda prometiam nascer.
Juntar-me a amigos de momentos e circunstâncias diferentes.
Refiro-me
àqueles que conviveram com o cidadão: policial-miliatr e educador, que
também
foi político -deputado estadual e federal reeleito, várias vezes. Com
merecimento.
Muito moço, ingressou na Força Pública (Polícia Militar). Logo
experimentou
as agruras decorrentes da realidade político-social dos anos 20, dele e
da
época. Inclusive na "linha de frente". Exatamente.
Já pensavam os políticos, líderes, e os comandantes, convergirem a
atenção
para a sua Força Pública. Buscaram dotá-la de um nível profissional
condizente à sua verdadeira destinação social.
Daí veio surgindo o Departamento de Instrução, a nossa atual
Academia -
1934.
Ainda criança, conheci o primo quando, em férias, esteve em São
Francisco,
minha terra, vizinha de sua Januária, ambas à beira do "Santo Rio".
Acompanhava-o sua irmã, futura professora Maria Isabel.
Manoel preocupou-se com tudo e com todos. Levou-nos, meu irmão
Heráclito e
eu para estudar em Diamantina - comunidade altamente civilizada -sede do
seu
tradiciolnal Batalhão.
Nossa convivência teve continuidade. Estava ele no curso de
Formação de
Oficiais, integrado por alunos de boa cultura. Manoel foi o primeiro da
primeira
Turma-1936.
Residimos mo bairro Carlos Prates. Nessa época exigia de mim e do
seu irmão
João lêsemos uma obra de autores brasileiros, principalmente, no espaço
de cada
semana.
Ainda vacilante, tive dele um conselho definitivo: ingressar na
Força
Pública (Polícia Militar). Tammbém assim o fez em realação a outros
jovens
egressos da escola "Caio Martins"" e de nossa região natal.
Manoel tinha vocação de educador, de modo latente e intenso.
Afortunadamente, casou-se com a jovem Preofessora Márcia de Souza, que
conheceu em Boa Esperança, sua terra.
Revelou à Márcia o seu projeto. Ao assentimento e entusiasmo dela
somou-se
o apoio do Comandante Geral da Força Pública (PM), Coronel José Vargas
da
Silva.
Assim também do Governador do Estado, Doutor Milton Campos.
Criou-se a
Granja-escola "Caio Martins", denominação inspirada no escoteiro, herói.
Com a colaboração de oficiais e praças, imprimiu o casal inédito e
modelar
estilo de educação e formação profissional de adolescentes normais. Os
que não
tivessem pais, ou de pais distantes, ou de pais modestos,
financeiramente.
Observamos: o mencionado estilo de educação e formação não "saiu de
moda".
Pelo contrário. Implntada em Esmeraldas, estendeu-se a outros rincões.
Foi
para as barrancas do São Francisco. o rio da unidade, de onde veio o
coronel
Almeida.
Ocorre-me de haver realizado, com um colega. Primeiro Tenente José
Cândido,
a medição do entorno da Escola "Caio Martins".
Mais tarde, contou a Escola, na distante Carinhanha (divisa da
Bahia), com
o trabalho devotado do velho Antonio Ortiga, tio do Manoel. Hoje é
Fundação
"Caio Martins".
Amboa na reserva (aposentados), encontramo-nos, Manoel e eu, numa
solenidade comemorativa na Academia de Polícia Militar, nosso antigo
Departamento de Instrução(DI). Coronel Braga Jr. era o comandante. Em
dado
momento achegando-se mais, sussurou ao meu ouvido:"Zé, nós não somos
primos. Nós
somos irmãos".
Foi assim, muito mais ainda - o Coronel Manoel José de Almeida - o
que
anteviu tudo. O que a todos estendeu suas mãos generosas.
CORONEL PMQO
eX-COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR.